quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Você me lembrou um pouco das raízes, aquelas que nunca consegui ter. Na verdade, acho que elas se encontram no lugar onde nasci. Por um lado, tenho que agradecer aos meus pais por essa vida de cigano, pois me proporcionou o conhecimento de lugares maravilhosos e de pessoas que vou levar pra sempre na alma.

Esse discurso todo parece até despedida, mas não é. Acho que talvez seja uma preparação para possíveis mudanças internas e externas, não vou mentir pra você da minha vontade de sumir daqui. Por mais que existam praças a ponto de prender a minha atenção de forma serena e leve, mas mora alguma infelicidade no meu criado-mudo, sabe?

Como você lida com suas raízes, elas conseguem ser mais fortes que você? Penso que algumas delas servem pra nos dar o suporte do conhecimento e logo depois arrebenta, feito fruta madura do pé. Os anos passam e todos lutam pela estabilidade, eu queria uma estabilidade emocional, por mais que tivesse que viver cada semana numa casa diferente.

Mas me diga, em oito semanas já chegam suas férias?
Fiquei curiosa com o tal oito sereno do teu mundo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011


Tudo bem, eu fico com o disco do Caetano. Aliás, muito obrigado pelo presente!

Não sei se é necessário dizer, mas hoje eu atrasei, por uma boa causa. Passei naquela praça que você comentou comigo, dos ares serenos e das folhas que caem como se fosse outono o ano todo. Havia certo bucolismo ali, impecável e intocável, bem no centro de tanto urbanismo. Queria estar lá para sempre.

Lembrei quando você disse que a agência na qual trabalha, perto de uma praça popular, havia mudado de endereço. A praça das noites de blues, apesar de ser mais simples do que àquela bucólica, me é mais familiar e aconchegante. Talvez seja porque passo por lá há anos, cresci ali. Se eu tivesse que escolher alguma das duas, não saberia que decisão tomar, afinal, estaria entre o sabor da nostalgia e a serenidade da calmaria.

Entre tantas decisões, na briga de quem vai e fica, o impulso sempre ganha. Mas o impulso não é nosso melhor amigo nestas horas. Nada como poder planejar...feliz é quem inventou a ordem e organização das coisas! Estou contando as semanas para o fim do ano letivo, que é a época na qual posso ter tempo para arrumar tudo.

Se tudo der certo, os ventos serão mais serenos daqui a oito semanas.
Oito.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011


Ah! O disco do Caetano... sabia que tinha deixado ele em algum lugar. Por dias o procurei que nem louca, nas gavetas, nos armários, na pia velha da cozinha e até nos trilhos do metrô. Pelo menos sei que está em boas mãos. A minha vida anda tão corrida que nem consigo te visitar ou ligar.

Por falar em discos, esses dias escutei um do Bob Dylan (eu sei, não é nenhuma novidade escutar Dylan), mas o engraçado foi que só soava em meus ouvidos uma única música (I want you, sabe?) e esse vício vive até hoje.

Gosto da parte em que ele fala - and I wait for them to interrupt me drinking from my broken cup and ask for me to open up the gate for you – pra mim é como se fosse um soco de realidade e eu poderia passar o resto da minha vida repetindo, repetindo e repetindo.

Como pode a música ter o poder de nos tocar, um encanto, uma essência, um caso mal resolvido de uma noite qualquer. Confesso que esse disco do Dylan eu teria ciúmes de esquecê-lo na sua casa, deve ser por isso que eu coloquei o do Caetano na bolsa vermelha – por sinal, tive uma grande ideia, esse pode ficar contigo!

Esse presente não significa que não irei mais visitá-lo. É uma forma de deixar um pedaço que foi meu no canto da sua casa. Fora que às vezes eu brigo com ele, pois sempre o perco ou esqueço em algum lugar, um pouco de distância nos fará bem (risos).

Não se atrase nos outros dias, ou melhor, atrase quando achar necessário.

Um beijo!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011



Guardo meus encontros na memória, só pra mim. Talvez seja justamente por isso que eu seja um alguém cheio de desencontros: porque não quero me recordar de tudo. Oi?

Hoje me lembrei daquele disco do Caetano que você esqueceu aqui em casa, e da música que falava sobre os livros. Entre os sons de samba, a canção diz que entre tanta bagunça, escrever um livro talvez fosse a solução para arrumar tudo de uma vez, além de ser a oportunidade de nos tornarmos eternos.

Com isso, não tem como não lembrar de uma das três virtudes que todo ser humano tem que realizar: fazer um filho, plantar uma árvore ou escrever um livro. Um grande amigo até brincou uma vez, em uma destas longas conversas, que o certo seria ter um filho que plantasse árvores para escrever sua própria história em um livro. E agora?

Os desencontros acontecem até mesmo na busca pela perfeição e realização pessoal. Como você disse, seria ótimo caminhar sem se preocupar em encontrar. O escritor Norman Mailler comentava que o amor não é a solução para nossos problemas, mas sim a recompensa de quando conseguimos resolvê-los. Faz sentido.

Vou me apressar porque o próximo metrô está chegando.

Mande-me respostas, quando puder. Esperarei (e vê se não esquece de pegar o disco do Caetano).

Um beijo

quarta-feira, 21 de setembro de 2011


Você entra por uma porta, eu saio pela outra. Você olha pela janela da sala, eu olho pela janelinha do banheiro. Não seria muito desencontro?

Creio que pra haver encontro, precisamos de no mínimo um desencontro qualquer, tem gente no mundo que se desencontra por décadas. E nesse jogo da vida, nunca sabemos ao certo o que vale a pena ou não, em qual momento realmente devemos está espertos para o grande momento.

Neste caso, convém ligar um som e andar despreocupado pela rua, procurando NÃO achar, sabe? E isso da uma graça e surpresa na vida. É que nem quando chove num dia de sol, tu nem esperava por esse charme líquido do céu, tenho certeza que teu guarda-chuva se desencontrou bonito com a meteorologia.

E pra não desencontrar, onde você costuma guardar os seus encontros?

terça-feira, 20 de setembro de 2011



Quando li suas palavras, reparei que já não era sexta-feira, e me dei conta o quão atrasado com tudo eu estou. Mas a data na assinatura me fez voltar no tempo e pude enxergar cada momento que você descreveu.

Acho importante quando paramos para saborear cada pequeno detalhe do nosso dia. Pode até soar engraçado, mas hoje vi uma placa que dizia que a pressa é inimiga da vida. É bem verdade, porque quando somente corremos, não conseguimos de fato sentir tudo o que acontece ao nosso redor.

Não sei se existe acaso ou destino. Aliás, acho que nunca teremos a resposta, mas na dúvida eu prefiro acreditar no acaso porque não gosto de nada que seja imutável, fixo, programado, assim como um final de filme holywoodiano (apesar de eu gostar de vários, confesso).

Com isso, tenho pensado em quão louca a vida é. Digo, louca de verdade! Às vezes me pego planejando o futuro, criando diálogos, imaginando situações...e as coisas insistem em acontecer de maneira diferente. Não há escapatória: mesmo que eu pense no improvável, algo mais improvável acontece. Talvez seja por isso que prefiro acreditar no acaso. Entende?

Mas, claro, é tudo uma questão de ponto de vista, como você disse. Por isso as conversas com os grandes amigos são fantásticas: porque cada diálogo acrescenta uma nova idéia, e juntos, os cúmplices escrevem suas histórias e constroem novos universos a cada encontro.

Encontros e desencontros...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011


Eu poderia te escrever somente um bilhete para te contar sobre o meu dia, mas falar somente sobre o “meu dia” seria egoísmo demais, talvez fosse mais conveniente te escrever sobre pessoas que por ele passaram.

Nem toda sexta-feira é feliz como dizem por aí, afinal ninguém gosta da sexta-feira às 7h. Todos esperam ansiosos pelas 18h, ou até mesmo sorriem de canto quando no relógio bate 17h30, me diz há lógica nisso?

Fazendo uma analise geral sobre essa loucura das feiras, percebo que às vezes falta um almoço na praça deitado em qualquer banco de pernas pro ar, sem ligar pra quem vai ou volta da vida. Desliga-se ao olhar para as árvores debaixo pra cima ou até mesmo pelas folhas que quase caem nos olhos.

Outra coisa interessante é o inventar da vida, fora as desculpas esfarrapadas que inventamos a todo momento, tem um Q especial do outro lado da moeda, as pessoas que você encontra por acaso ou até mesmo as situações - você acha que o acaso existe ou isso tem haver com destino?
Sei que isso deveria ter cara de conto ou carta, até mesmo um ponto (cruz?), mas tudo depende do ângulo que você analisa!


Um beijo!