segunda-feira, 31 de outubro de 2011


Foi gostoso ler isso do lado de cá, até aliviou o meu coração vazio, sabe? Em pensar que a gente vive procurando algo pra colocar no buraco do peito, como um dia eu li num quadrinho que era melhor deixar o tempo passa, pois assim ele fazia um som.

Por sinal, estou ouvindo Feist agora, aquela música Secret Heart, me faz rir de canto de bochecha é uma alegria que nem sei explicar, você sente isso também?

Sobre criar raízes as minhas são aqui em São Paulo mesmo, não vejo a hora de me desprender daí, vindo pra cá tive uma experiência incrível com pessoas, peguei um cometa com um novo amigo psicólogo. Cara, conversamos sobre tudo e como esse mundo é imenso e como as idéias podem voar, nada é impossível, acredite!

Bom, fico no aguardo do nosso café, sei que vai ser um tanto especial!

Um beijo!

domingo, 30 de outubro de 2011



Ontem assisti um filme no qual um dos personagens falava: "Meu relacionamento que engatou seriamente foi com o meu trabalho", mas depois, em outras conversas, ele confessou que se apaixonou quatro vezes. Acho que o amor é uma questão de esperar o momento certo. Depois deste momento, não temos como julgar se a relação dará certo ou não, mas aproveitamos. De minha parte, posso dizer que não tenho pressa. Já fui mais preocupado com isso, e justamente a preocupação me fez perder a linha. Cheguei a conclusão de que a espera é o caminho. E como disse Martha Medeiros, na verdade o amor não é a solução de todos os problemas, mas sim uma recompensa por todos os seus problemas terem sido solucionados. Isso me conforta.

A gente aprende muito com a profissão. Em uma entrevista que fiz para uma reportagem especial, um escritor me disse que não devemos esconder ou nos envergonhar do que escrevemos, sejam eles contos, poemas, entre outros. Tudo isso faz parte da gente, é a nossa essência. Se negássemos tudo isso, estaríamos negando a nós mesmos. Assim como a maturidade que chegou mais cedo: isso não é motivo para se preocupar, Camila, fique tranquila.

Mais uma vez estivesse pensando sobre sampa e sobre novos caminhos e possibilidades. Mas confesso que tenho receio de me sentir um pouco perdido em outra cidade, assim como aconteceu no filme "Lost in Translation". Mas com certeza, São Paulo é uma cidade que quero visitar em breve, mas mesmo assim, preciso pensar em algum lugar para fixar minha raízes, deixar minha marca. Todo mundo tem uma cidade especial na qual quer guardar em especial na memória, mas talvez essa cidade não seja exatamente o lugar onde morar, entende?

Enquanto isso, vou contando as semanas para poder ter alguns dias e planejar tudo isso. Nesse meio tempo, vou descobrindo novas músicas, lendo diferentes livros, assistindo alguns filmes e, claro, trabalhando pelo meu futuro. Aliás, futuro é uma palavra que me assusta um pouco, se bem que, na essência, dez anos não fizeram muita diferença apesar dos avanços tecnológicos. Talvez o mundo esteja mais vintage e romanticamente em preto-e-branco para poder esquecer um pouco da era que se torna cada vez mais digital.

Enquanto a manhã está serena, arrumo algumas coisas por aqui com uma música bem calma de fundo. Acho que estou em um dos meus - raros - momentos de paz. As composições da Feist tem ajudado bastante nesse sentido, e agradeço a dica. Os sons dela são muito bons!

Ainda faltam algumas semanas para o nosso café, mas valerá a espera,e  teremos um ótimo motivo para brindar: o fim de ano!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011


Seu poema tem uma leveza incrível, consegui sentir o cheiro do café e o entusiasmo da nossa conversa. Essas oitos semana vão demorar muito?


Sabe, já fazem alguns dias que ando me dedicando ao lado profissional com unhas e dentes, talvez um pouco de sono também, só que tem um vazio aqui dentro do peito. Eu não sei explicar, acho que é falta de expectativa sentimental, às vezes tenho a impressão que o mundo todo consegue se apaixonar e eu não.


Isso não tem nada haver com fórmulas, nem com livros de auto-ajuda e muito menos com pensamentos precipitados, tem haver com eu interior que está afetado. Não sei se isso tem haver com a falta de algum tempo que perdi no meio da estrada, mas viver vazia é estranho, tudo se torna oco e sujo a ponto de você não querer mais se olhar no espelho, entende?


Como lidar com tudo isso? Eu tenho um pequeno desespero dentro de mim que me faz escrever contos psicodélicos compulsivamente, eles não me parecem tristes, mas para os outros que lêem é uma tragédia literária. Será que é porque eu resolvi amadurecer antes dos 30?


Deixo aqui as minhas dúvidas e um beijo!

domingo, 23 de outubro de 2011


Nessa correria toda, o café tem sido meu melhor amigo;
Eu brindo pra ouvir o som da xícara;
E poder me sentir mais vivo.

Nessa correria toda, eu sempre confiro o calendário;
Contagem regressiva para o fim do ano;
E eu de olho no horário.

Nessa correria toda, mal sobra tempo para os amigos;
Anota no seu bloco, em forma de poesia;
Um dia pra gente tomar um café;
E esquecer destes corridos dias;

quarta-feira, 12 de outubro de 2011



Quanto às semanas, sei que falta uma pra eu completar 21 anos e isso está sendo estranho pra mim. Não sei lidar direito com o fato de envelhecer e ao mesmo tempo me sentir tão nova, parece que eu quero adiantar as coisas, não sei explicar direito.

Patti Smith esse recomendo a todos, percebi que somos uns covardes esperando a estabilidade cair do céu, tantos saíram e correram atrás e a gente fica aqui reclamando, ganhando pouco, trabalhando muito e deixando de viver. Senti-me feliz e frustrada por ler o livro, no entanto, vale à pena. Por sinal, falando na década de 60 e 70, baixei as músicas do Woodstock e estou baixando o filme também, puta pessoal incrível que cantava com a alma, dinheiro e sucesso pouco importava!

Meus amores idealizados, alguns já morreram outros estão na beira. Eu sou craque em amor platônico, engraçado analisar que de certa forma isso também me faz feliz e enche meu coração de coisas boas, acho que é a sensação de poder suspirar por alguém.

Nunca li esse livro, mas você fala tanto que já me sinto um pouco dele também e acho que vou gostar. Falando em livro, percebeu que quando a gente ler algo que fala da vida dos outros (cantores, jornalistas, atores, pintores e etc) nos sentimos mais vivos? Eu me senti assim no da Patti Smith, no do Nelson Rodrigues e até mesmo assistindo o filme do Bob Dylan – eles nos completam de alguma forma, percebeu?

Eu cheguei a plantar um pé de amora só que não foi no meu quintal, talvez se fosse no quintal as pessoas poderiam abusar do meu amor deixando-o cair no chão. Plantei a amoreira no coração mesmo, só que às vezes demora pra amadurecer e eu sinto um gosto azedo.

Ah, obrigada pelo livro comecei a ler hoje no ônibus.
Um beijo!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Camila,

Em primeiro lugar, gostaria de dizer: não abra (ainda) o pacote que acompanha essa carta.

Estou te escrevendo para comentar sobre a correria. Minha, nossa, de todo o mundo. Falando por metáforas, a sociedade parece participar de uma grande prova de atletismo. Quando teremos tempo?

Oito, sete, seis, e de repente, um número indefinido. Foram prorrogadas as semanas na ativa, e com isso, tudo fica mais incerto. Ainda espero que o tempo do intervalo nos pegue de surpresa, de preferência antes do período que estamos esperando.

Pensei no que você disse sobre confiança. Não sei em quem confio, seja a pessoa bonita ou não. Sei que você é uma das poucas amizades com quem eu posso contar de verdade, e pra mim, menos é mais.

Fiquei curioso para ler o livro da Patti Smith, ainda mais porque você pôde entrar no clima do final dos anos dourados. Grandes tempos! Se, por um lado, sentimos que nascemos na época errada, por outro, temos que agradecer por nossa geração ter tecnologia o suficiente para nos fazer reviver uma parte de épocas em que não éramos nascidos.

Amores idealizados...quem nunca teve um? Tempos atrás, ouvi um conselho muito estranho: "Se você não pode ter quem você quer, desfrute do platonismo". Mas como aproveitar algo na base da vontade? Chega a ser risível, e com isso me lembro daquelas pessoas que evitam comer doces e se satisfazem ao ver os outros se deliciando. O amor platônico é algo mais ou menos assim.

Você já leu "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera? Aquele livro é genial! Na minha opinião, esse escritor tcheco conseguiu escrever sobre relacionamentos como ninguém, em um misto de realidade e ficção sem se tornar clichê ou cansativo, mas sim bastante reflexivo. A cada releitura, uma nova descoberta.

Lembra-se que pedi para você não abrir o pacote que enviei junto com a carta? Pode abrir. Nele, tem este livro que recomendei a você. Espero que goste!

Falando em amores e desamores, quando você vai plantar um pé de amora?

Um beijo.

domingo, 2 de outubro de 2011



No meu criado-mudo existe a gaveta da infelicidade e da felicidade, têm cartas, bilhetes, papéis velhos e amarelados, fones que já não funcionam mais, fotos, alguma saudade e por aí vai. Guardo também algumas coisas desnecessárias, talvez por medo de um dia precisar delas.

Sobre São Paulo, desconhecia essa sua vontade de ir pra lá, o engraçado que a minha cresce a cada feira que passa. Um dia, ainda vou de mala e cuia me perder por lá, talvez encontre alguém que me receba com o coração aberto e me ajude, sei lá.

Sabe, estou lendo o livro da Patti Smith e a cada dia a década de 60 e 70 me inspira, na verdade me sinto um tanto inquieta por ter nascido em 90, por desfrutar somente dessa modernidade mórbida. Prendo-me no quarto com alguns vinis e cadernos dos meus pais, na mente ainda tenho a esperança de viver um terço daquela época e encontrar um cara feito o Robert Mapplethorpe (pode ser o Bob Dylan também) para fazermos arte juntos em um quarto com a luz amarelada.

ATAQUE DE RISOS.

Não tem nada haver com a nossa conversa, mas estava aqui analisando sobre a beleza das pessoas, cheguei a conclusão que não confio em pessoas bonitas. Confio naquelas que são meio caladas, com cabelo bagunçado e que carregam mistério no olhar, no entanto, doçura ao sorrir – e você confia em qual tipo de pessoa?

Fico por aqui, já estou descabelada de sono e ainda tenho que separar umas fotos dos meus pais para um novo projeto.

Um beijo, oito.

sábado, 1 de outubro de 2011



Mistério.
Se não fosse por ele, talvez nossas vidas fossem mais sem gosto do que aquele café de capsulas que tomei por um bom tempo. Todos os enigmas do mundo são o que nos fazem pensar, ora ou outra nas reviravoltas da insônia, se nosso caminho seria absurdamente diferente do que aquele que trilhamos.


São Paulo.
Tenho pensado em ir para a grande metrópole brasileira. Quase posso me imaginar em um apartamento nos arredores da rua Augusta, tomando um café e olhando os pingos de chuva caírem pela janela. Às vezes também penso em fugir, mas no sentido figurado. Gostaria de viajar, com calma, pra algum ambiente diferente daqui. Assim como a saudade, palavra exclusiva da língua portuguesa, existe um termo que define o desejo de fuga: Wanderlust.


Superstição.
Às vezes me pego pensando no impossível. Aquilo que está aquém de qualquer explicação é o que me fascina tanto. Talvez minhas raízes estejam bem fixadas por causa de meu elemento zodiacal: terra. Já sobre o número oito, eu não tinha parado pra pensar se há alguma relação cabalística ou algo do tipo. Só sei que faltam cerca de oito semanas para poder, de fato, respirar.


Vertigem.
Como um flashback, me lembrei do Supergrass, banda britânica que ouvi muito há uns quatro anos. Pude voltar no tempo ao escutar tudo aquilo, e com algo em mente: enquanto apenas pensamos que o tempo passa rápido, ele consegue ser mais veloz ainda. Realmente eu não entendo o tempo e todas as suas peripécias. Eis que em uma das canções, "Moving", todo o ambiente ao redor congela e fica vertiginoso. Aquela música é muito eu. As letras cantam sobre a correria e a despersonalização. Apesar da temática forte, tem belas melodias. Quando puder, escute.


Chave.
Fiquei um pouco preocupado com a história do criado-mudo. Não guarde tudo de ruim em algo tão próximo de você. Se o seu pequeno móvel for como o que tenho aqui, que fica do lado da minha cama, pior ainda. É claro que não vivemos só de coisas positivas, mas sou a favor de trancar todos os males depois que aprendemos com eles. Se precisar de algo, saiba que pode contar comigo. 


Ponto final.