sábado, 31 de dezembro de 2011


Escreveremos roteiros não somente em guardanapos, mas em post-its.
Também fotografaremos o cenário ao nosso redor, pra não nos esquecermos do agora.
Colocaremos tudo por toda a cidade. Marcaremos com nossa história.
Assim como ficou marcado este ano, que termina hoje.
Que o amanhã seja sempre doce, mas sem deixar o amargo de lado.
Amém.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011


Eu diria: - não ignore mais os papéis de pão e nem os guardanapos!




terça-feira, 13 de dezembro de 2011


Ontem eu tava pensando nos desejos e nas renovações que fazemos todo ano, às vezes dá impressão que é inútil, você dorme no dia 31 de dezembro e acorda no dia 01 de janeiro é só o mês que acabou – não?

Apesar de todo esse realismo misturado com a superstição eu ainda desejo algumas coisas pro próximo ano: amor livre, piegas e cafeinado. Se eu tiver isso terei uma força a mais pra realizar as demais coisas, é engraçado desejar isso.

Depois escutarei essa, acho que estou mais pra Scorpions hoje. Já que me falta a bebida que venha uma música mais forte capaz de ferir o estômago e enjoar os pensamentos insanos do meio dia, por sinal Born to touch your feelings é linda e eu me imagino caminhando em um lugar tranqüilo com uma chuva mansa caindo nos meus cabelos.

O metrô me da à sensação de adeus. Adeus que alguém me deu e que em breve eu também vou dar, mas talvez a vontade de ficar também seja grande por ter visto algo de bonito naquele lugar – estranho.

Por sinal, sobre as coisas que esfriam e depois aquecem eu me lembrei de um trecho do Caio Fernando de Abreu: “E tem gente maravilhosa que, de repente, vai ficando longe, difícil de ver – e aí dança. Mas também acho que aquilo que é bom, e de verdade, e forte, e importante – coisa ou pessoa – na sua vida, isso não se perde. E aí lembro de Guimarães Rosa, quando dizia que “o que tem de ser, tem muita força”. A gente não tem é que se assustar com as distâncias e os afastamentos que pintam.”

Explica tudo, eu acho!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011


Hoje minha felicidade é estar a um passo de apertar a tecla de ponto final deste ano. Vai tirando o café do banho-maria, porque agora é hora de brindar! Já começou a contagem regressiva, e algo me diz que em pouco tempo tudo se renovará, finalmente.

Já senti as coisas esfriarem e depois se aquecerem, como você comentou. Antes, eu pensava que isso era apenas um descuido de um alguém desatento, mas depois percebi que na verdade todas as coisas do mundo funcionam assim. Não se trata de altos e baixos, mas sim de algo natural que sempre acontece.

Há uma música argeliana tocando enquanto escrevo, quase todos os dias. É inspirador poder ouvir algo tão leve e sincero vindo de uma cantora que chegou a ser ameaçada de morte em seu país de origem. Quando puder, ouça Souad Massi, é dela que estou falando.

E nestes dias, agora mais calmos, deixei a psicodelia mais solta nos meus contos. Tenho receio de que eles estejam tomando um rumo um tanto quanto previsível, é verdade, mas se trata de uma fase, não é mesmo?

Agora, espero o meio-dia para poder pegar o próximo metrô e poder sair um pouco daqui. Não é vontade de fugir, mas apenas de mudar de ambiente. Acho que você já deve ter se sentido assim, não é mesmo?

terça-feira, 29 de novembro de 2011


Não sei se é porque eu acordei feliz, feliz não, suspirando que a falta de tempo não faz nenhum sentido. Pelo menos agora. É engraçado analisar que ao correr dos dias as coisas mudem e a gente fica aqui no meio da rua achando que nada mudou.

Nesse nada mudou a vida acaba, será que acaba mesmo? Todos os seus questionamentos são meus também e eu ainda não encontrei nenhuma resposta sobre isso, a única coisa que eu sei é que penso sobre VIDA e MORTE todos os dias e acredito na energia da atmosfera, certeza? Nunca teremos de nada.

Quando você fala de intensidade eu já a sinto bem próxima de mim, foi algo que determinei na minha vida: sem intensidade não há trato, tato e nada feito. O meu suspiro de hoje é alguma coisa intensa de meses atrás. Você já viveu uma coisa que chegou a ficar morno – frio- e depois aqueceu de novo?

Por sinal, falando em aquecer o café anda quase frio, mas tento mantê-lo em banho-maria pra algum dia próximo e esse dia tenho certeza que durará 48 horas, os dedos as vezes falham ao “conversar” - será que tudo isso é culpa do depois?

segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Tudo está tão corrido que 24 horas tem sido pouco para fazer todas as atividades do dia. Apesar disso, não brigo com o relógio, afinal, a culpa não é dele. Parece estranho, mas tudo isso me faz valorizar mais cada momento. Talvez seja porque os últimos três anos passaram num piscar de olhos.

Pensei em tanta coisa por esses dias...Carreira profissional, perspectivas futuras, lembranças, etc. Por que? Porque me veio um pensamento estranho na semana passada: o que vai acontecer depois que a gente morrer? Não, não estou pessimista, apenas pensei, pra valer, se existe mesmo vida após a morte e o quanto temos que tornar especiais os momentos, tendo em vista que não saberemos o que vem depois. Esqueceremos de tudo e reencarnaremos? Ou simplesmente 'apagaremos', sem poder nos despedir? Mas, mais do que isso, como seremos lembrados? Por essas e outras que acho que é importante deixarmos nossa marca em tudo o que fazemos. Além de apreciarmos as artes, o ideal é fazer arte da nossa vida. Aí é que está a verdadeira imortalidade.

Intensidade é a palavra. Acredito que a mesma intensidade que você está vivendo, que lhe toma parte do tempo até não sobrar nem alguns segundos para sorrir, como você mesma comentou, é o que torna tudo isso inesquecível. Todas as situações pesadas, sejam elas positivas ou não, acabam por nos marcar a memória justamente porque estão mais próximas da realidade. Tudo o que é leve demais se vai, foge do nosso controle. Qual será o meio-termo disso tudo?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011


Sei que eu deveria esperar tua resposta de algum canto desse país, mas estou precisando conversar com alguém. Sabe, eu estou sofrendo uma pressão absurda de todos os lados aquelas que te fazem chorar a noite escutando uma música qualquer.

Não querido, não, isso não é nenhum drama – apenas um jeito de poetizar a dor nesse peito de 21 anos recém completados. Eu estou cansada do preconceito em geral, porque os tios, as tias, os pais tendem a dizer que quem um dia tentar a trabalhar com arte é tudo drogado? Tenho que seguir essa linha, por talvez pensar diferente dos outros?

Penso que se tivesse escolhido fazer administração, advocacia ou qualquer porra convencional todos aceitariam melhor, mas não, eu escolhi a publicidade e indícios mostra que devo partir para a fotografia. Que mal há?

De uns tempos pra cá as coisas na minha vida andam acontecendo numa intensidade que só dá tempo de sorrir, o que era pequeno agora é grande e o mundo é muito mais que isso que a gente cria na escola. Me diz, porque eu sou considerada alcoólatra se tomo uns goles pela vida? Quem analisa dessa forma parece que passou a vida inteira tomando água mineral chorando pelos cantos com medo de ser crucificado.

E só quero encontrar alguém que enfrente ou tenha enfrentado essas mesmas coisas e que me fale que é possível suportar, porque aqui dentro do peito eu to quase matando meu coração!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011


Foi gostoso ler isso do lado de cá, até aliviou o meu coração vazio, sabe? Em pensar que a gente vive procurando algo pra colocar no buraco do peito, como um dia eu li num quadrinho que era melhor deixar o tempo passa, pois assim ele fazia um som.

Por sinal, estou ouvindo Feist agora, aquela música Secret Heart, me faz rir de canto de bochecha é uma alegria que nem sei explicar, você sente isso também?

Sobre criar raízes as minhas são aqui em São Paulo mesmo, não vejo a hora de me desprender daí, vindo pra cá tive uma experiência incrível com pessoas, peguei um cometa com um novo amigo psicólogo. Cara, conversamos sobre tudo e como esse mundo é imenso e como as idéias podem voar, nada é impossível, acredite!

Bom, fico no aguardo do nosso café, sei que vai ser um tanto especial!

Um beijo!

domingo, 30 de outubro de 2011



Ontem assisti um filme no qual um dos personagens falava: "Meu relacionamento que engatou seriamente foi com o meu trabalho", mas depois, em outras conversas, ele confessou que se apaixonou quatro vezes. Acho que o amor é uma questão de esperar o momento certo. Depois deste momento, não temos como julgar se a relação dará certo ou não, mas aproveitamos. De minha parte, posso dizer que não tenho pressa. Já fui mais preocupado com isso, e justamente a preocupação me fez perder a linha. Cheguei a conclusão de que a espera é o caminho. E como disse Martha Medeiros, na verdade o amor não é a solução de todos os problemas, mas sim uma recompensa por todos os seus problemas terem sido solucionados. Isso me conforta.

A gente aprende muito com a profissão. Em uma entrevista que fiz para uma reportagem especial, um escritor me disse que não devemos esconder ou nos envergonhar do que escrevemos, sejam eles contos, poemas, entre outros. Tudo isso faz parte da gente, é a nossa essência. Se negássemos tudo isso, estaríamos negando a nós mesmos. Assim como a maturidade que chegou mais cedo: isso não é motivo para se preocupar, Camila, fique tranquila.

Mais uma vez estivesse pensando sobre sampa e sobre novos caminhos e possibilidades. Mas confesso que tenho receio de me sentir um pouco perdido em outra cidade, assim como aconteceu no filme "Lost in Translation". Mas com certeza, São Paulo é uma cidade que quero visitar em breve, mas mesmo assim, preciso pensar em algum lugar para fixar minha raízes, deixar minha marca. Todo mundo tem uma cidade especial na qual quer guardar em especial na memória, mas talvez essa cidade não seja exatamente o lugar onde morar, entende?

Enquanto isso, vou contando as semanas para poder ter alguns dias e planejar tudo isso. Nesse meio tempo, vou descobrindo novas músicas, lendo diferentes livros, assistindo alguns filmes e, claro, trabalhando pelo meu futuro. Aliás, futuro é uma palavra que me assusta um pouco, se bem que, na essência, dez anos não fizeram muita diferença apesar dos avanços tecnológicos. Talvez o mundo esteja mais vintage e romanticamente em preto-e-branco para poder esquecer um pouco da era que se torna cada vez mais digital.

Enquanto a manhã está serena, arrumo algumas coisas por aqui com uma música bem calma de fundo. Acho que estou em um dos meus - raros - momentos de paz. As composições da Feist tem ajudado bastante nesse sentido, e agradeço a dica. Os sons dela são muito bons!

Ainda faltam algumas semanas para o nosso café, mas valerá a espera,e  teremos um ótimo motivo para brindar: o fim de ano!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011


Seu poema tem uma leveza incrível, consegui sentir o cheiro do café e o entusiasmo da nossa conversa. Essas oitos semana vão demorar muito?


Sabe, já fazem alguns dias que ando me dedicando ao lado profissional com unhas e dentes, talvez um pouco de sono também, só que tem um vazio aqui dentro do peito. Eu não sei explicar, acho que é falta de expectativa sentimental, às vezes tenho a impressão que o mundo todo consegue se apaixonar e eu não.


Isso não tem nada haver com fórmulas, nem com livros de auto-ajuda e muito menos com pensamentos precipitados, tem haver com eu interior que está afetado. Não sei se isso tem haver com a falta de algum tempo que perdi no meio da estrada, mas viver vazia é estranho, tudo se torna oco e sujo a ponto de você não querer mais se olhar no espelho, entende?


Como lidar com tudo isso? Eu tenho um pequeno desespero dentro de mim que me faz escrever contos psicodélicos compulsivamente, eles não me parecem tristes, mas para os outros que lêem é uma tragédia literária. Será que é porque eu resolvi amadurecer antes dos 30?


Deixo aqui as minhas dúvidas e um beijo!

domingo, 23 de outubro de 2011


Nessa correria toda, o café tem sido meu melhor amigo;
Eu brindo pra ouvir o som da xícara;
E poder me sentir mais vivo.

Nessa correria toda, eu sempre confiro o calendário;
Contagem regressiva para o fim do ano;
E eu de olho no horário.

Nessa correria toda, mal sobra tempo para os amigos;
Anota no seu bloco, em forma de poesia;
Um dia pra gente tomar um café;
E esquecer destes corridos dias;

quarta-feira, 12 de outubro de 2011



Quanto às semanas, sei que falta uma pra eu completar 21 anos e isso está sendo estranho pra mim. Não sei lidar direito com o fato de envelhecer e ao mesmo tempo me sentir tão nova, parece que eu quero adiantar as coisas, não sei explicar direito.

Patti Smith esse recomendo a todos, percebi que somos uns covardes esperando a estabilidade cair do céu, tantos saíram e correram atrás e a gente fica aqui reclamando, ganhando pouco, trabalhando muito e deixando de viver. Senti-me feliz e frustrada por ler o livro, no entanto, vale à pena. Por sinal, falando na década de 60 e 70, baixei as músicas do Woodstock e estou baixando o filme também, puta pessoal incrível que cantava com a alma, dinheiro e sucesso pouco importava!

Meus amores idealizados, alguns já morreram outros estão na beira. Eu sou craque em amor platônico, engraçado analisar que de certa forma isso também me faz feliz e enche meu coração de coisas boas, acho que é a sensação de poder suspirar por alguém.

Nunca li esse livro, mas você fala tanto que já me sinto um pouco dele também e acho que vou gostar. Falando em livro, percebeu que quando a gente ler algo que fala da vida dos outros (cantores, jornalistas, atores, pintores e etc) nos sentimos mais vivos? Eu me senti assim no da Patti Smith, no do Nelson Rodrigues e até mesmo assistindo o filme do Bob Dylan – eles nos completam de alguma forma, percebeu?

Eu cheguei a plantar um pé de amora só que não foi no meu quintal, talvez se fosse no quintal as pessoas poderiam abusar do meu amor deixando-o cair no chão. Plantei a amoreira no coração mesmo, só que às vezes demora pra amadurecer e eu sinto um gosto azedo.

Ah, obrigada pelo livro comecei a ler hoje no ônibus.
Um beijo!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Camila,

Em primeiro lugar, gostaria de dizer: não abra (ainda) o pacote que acompanha essa carta.

Estou te escrevendo para comentar sobre a correria. Minha, nossa, de todo o mundo. Falando por metáforas, a sociedade parece participar de uma grande prova de atletismo. Quando teremos tempo?

Oito, sete, seis, e de repente, um número indefinido. Foram prorrogadas as semanas na ativa, e com isso, tudo fica mais incerto. Ainda espero que o tempo do intervalo nos pegue de surpresa, de preferência antes do período que estamos esperando.

Pensei no que você disse sobre confiança. Não sei em quem confio, seja a pessoa bonita ou não. Sei que você é uma das poucas amizades com quem eu posso contar de verdade, e pra mim, menos é mais.

Fiquei curioso para ler o livro da Patti Smith, ainda mais porque você pôde entrar no clima do final dos anos dourados. Grandes tempos! Se, por um lado, sentimos que nascemos na época errada, por outro, temos que agradecer por nossa geração ter tecnologia o suficiente para nos fazer reviver uma parte de épocas em que não éramos nascidos.

Amores idealizados...quem nunca teve um? Tempos atrás, ouvi um conselho muito estranho: "Se você não pode ter quem você quer, desfrute do platonismo". Mas como aproveitar algo na base da vontade? Chega a ser risível, e com isso me lembro daquelas pessoas que evitam comer doces e se satisfazem ao ver os outros se deliciando. O amor platônico é algo mais ou menos assim.

Você já leu "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera? Aquele livro é genial! Na minha opinião, esse escritor tcheco conseguiu escrever sobre relacionamentos como ninguém, em um misto de realidade e ficção sem se tornar clichê ou cansativo, mas sim bastante reflexivo. A cada releitura, uma nova descoberta.

Lembra-se que pedi para você não abrir o pacote que enviei junto com a carta? Pode abrir. Nele, tem este livro que recomendei a você. Espero que goste!

Falando em amores e desamores, quando você vai plantar um pé de amora?

Um beijo.

domingo, 2 de outubro de 2011



No meu criado-mudo existe a gaveta da infelicidade e da felicidade, têm cartas, bilhetes, papéis velhos e amarelados, fones que já não funcionam mais, fotos, alguma saudade e por aí vai. Guardo também algumas coisas desnecessárias, talvez por medo de um dia precisar delas.

Sobre São Paulo, desconhecia essa sua vontade de ir pra lá, o engraçado que a minha cresce a cada feira que passa. Um dia, ainda vou de mala e cuia me perder por lá, talvez encontre alguém que me receba com o coração aberto e me ajude, sei lá.

Sabe, estou lendo o livro da Patti Smith e a cada dia a década de 60 e 70 me inspira, na verdade me sinto um tanto inquieta por ter nascido em 90, por desfrutar somente dessa modernidade mórbida. Prendo-me no quarto com alguns vinis e cadernos dos meus pais, na mente ainda tenho a esperança de viver um terço daquela época e encontrar um cara feito o Robert Mapplethorpe (pode ser o Bob Dylan também) para fazermos arte juntos em um quarto com a luz amarelada.

ATAQUE DE RISOS.

Não tem nada haver com a nossa conversa, mas estava aqui analisando sobre a beleza das pessoas, cheguei a conclusão que não confio em pessoas bonitas. Confio naquelas que são meio caladas, com cabelo bagunçado e que carregam mistério no olhar, no entanto, doçura ao sorrir – e você confia em qual tipo de pessoa?

Fico por aqui, já estou descabelada de sono e ainda tenho que separar umas fotos dos meus pais para um novo projeto.

Um beijo, oito.

sábado, 1 de outubro de 2011



Mistério.
Se não fosse por ele, talvez nossas vidas fossem mais sem gosto do que aquele café de capsulas que tomei por um bom tempo. Todos os enigmas do mundo são o que nos fazem pensar, ora ou outra nas reviravoltas da insônia, se nosso caminho seria absurdamente diferente do que aquele que trilhamos.


São Paulo.
Tenho pensado em ir para a grande metrópole brasileira. Quase posso me imaginar em um apartamento nos arredores da rua Augusta, tomando um café e olhando os pingos de chuva caírem pela janela. Às vezes também penso em fugir, mas no sentido figurado. Gostaria de viajar, com calma, pra algum ambiente diferente daqui. Assim como a saudade, palavra exclusiva da língua portuguesa, existe um termo que define o desejo de fuga: Wanderlust.


Superstição.
Às vezes me pego pensando no impossível. Aquilo que está aquém de qualquer explicação é o que me fascina tanto. Talvez minhas raízes estejam bem fixadas por causa de meu elemento zodiacal: terra. Já sobre o número oito, eu não tinha parado pra pensar se há alguma relação cabalística ou algo do tipo. Só sei que faltam cerca de oito semanas para poder, de fato, respirar.


Vertigem.
Como um flashback, me lembrei do Supergrass, banda britânica que ouvi muito há uns quatro anos. Pude voltar no tempo ao escutar tudo aquilo, e com algo em mente: enquanto apenas pensamos que o tempo passa rápido, ele consegue ser mais veloz ainda. Realmente eu não entendo o tempo e todas as suas peripécias. Eis que em uma das canções, "Moving", todo o ambiente ao redor congela e fica vertiginoso. Aquela música é muito eu. As letras cantam sobre a correria e a despersonalização. Apesar da temática forte, tem belas melodias. Quando puder, escute.


Chave.
Fiquei um pouco preocupado com a história do criado-mudo. Não guarde tudo de ruim em algo tão próximo de você. Se o seu pequeno móvel for como o que tenho aqui, que fica do lado da minha cama, pior ainda. É claro que não vivemos só de coisas positivas, mas sou a favor de trancar todos os males depois que aprendemos com eles. Se precisar de algo, saiba que pode contar comigo. 


Ponto final.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Você me lembrou um pouco das raízes, aquelas que nunca consegui ter. Na verdade, acho que elas se encontram no lugar onde nasci. Por um lado, tenho que agradecer aos meus pais por essa vida de cigano, pois me proporcionou o conhecimento de lugares maravilhosos e de pessoas que vou levar pra sempre na alma.

Esse discurso todo parece até despedida, mas não é. Acho que talvez seja uma preparação para possíveis mudanças internas e externas, não vou mentir pra você da minha vontade de sumir daqui. Por mais que existam praças a ponto de prender a minha atenção de forma serena e leve, mas mora alguma infelicidade no meu criado-mudo, sabe?

Como você lida com suas raízes, elas conseguem ser mais fortes que você? Penso que algumas delas servem pra nos dar o suporte do conhecimento e logo depois arrebenta, feito fruta madura do pé. Os anos passam e todos lutam pela estabilidade, eu queria uma estabilidade emocional, por mais que tivesse que viver cada semana numa casa diferente.

Mas me diga, em oito semanas já chegam suas férias?
Fiquei curiosa com o tal oito sereno do teu mundo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011


Tudo bem, eu fico com o disco do Caetano. Aliás, muito obrigado pelo presente!

Não sei se é necessário dizer, mas hoje eu atrasei, por uma boa causa. Passei naquela praça que você comentou comigo, dos ares serenos e das folhas que caem como se fosse outono o ano todo. Havia certo bucolismo ali, impecável e intocável, bem no centro de tanto urbanismo. Queria estar lá para sempre.

Lembrei quando você disse que a agência na qual trabalha, perto de uma praça popular, havia mudado de endereço. A praça das noites de blues, apesar de ser mais simples do que àquela bucólica, me é mais familiar e aconchegante. Talvez seja porque passo por lá há anos, cresci ali. Se eu tivesse que escolher alguma das duas, não saberia que decisão tomar, afinal, estaria entre o sabor da nostalgia e a serenidade da calmaria.

Entre tantas decisões, na briga de quem vai e fica, o impulso sempre ganha. Mas o impulso não é nosso melhor amigo nestas horas. Nada como poder planejar...feliz é quem inventou a ordem e organização das coisas! Estou contando as semanas para o fim do ano letivo, que é a época na qual posso ter tempo para arrumar tudo.

Se tudo der certo, os ventos serão mais serenos daqui a oito semanas.
Oito.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011


Ah! O disco do Caetano... sabia que tinha deixado ele em algum lugar. Por dias o procurei que nem louca, nas gavetas, nos armários, na pia velha da cozinha e até nos trilhos do metrô. Pelo menos sei que está em boas mãos. A minha vida anda tão corrida que nem consigo te visitar ou ligar.

Por falar em discos, esses dias escutei um do Bob Dylan (eu sei, não é nenhuma novidade escutar Dylan), mas o engraçado foi que só soava em meus ouvidos uma única música (I want you, sabe?) e esse vício vive até hoje.

Gosto da parte em que ele fala - and I wait for them to interrupt me drinking from my broken cup and ask for me to open up the gate for you – pra mim é como se fosse um soco de realidade e eu poderia passar o resto da minha vida repetindo, repetindo e repetindo.

Como pode a música ter o poder de nos tocar, um encanto, uma essência, um caso mal resolvido de uma noite qualquer. Confesso que esse disco do Dylan eu teria ciúmes de esquecê-lo na sua casa, deve ser por isso que eu coloquei o do Caetano na bolsa vermelha – por sinal, tive uma grande ideia, esse pode ficar contigo!

Esse presente não significa que não irei mais visitá-lo. É uma forma de deixar um pedaço que foi meu no canto da sua casa. Fora que às vezes eu brigo com ele, pois sempre o perco ou esqueço em algum lugar, um pouco de distância nos fará bem (risos).

Não se atrase nos outros dias, ou melhor, atrase quando achar necessário.

Um beijo!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011



Guardo meus encontros na memória, só pra mim. Talvez seja justamente por isso que eu seja um alguém cheio de desencontros: porque não quero me recordar de tudo. Oi?

Hoje me lembrei daquele disco do Caetano que você esqueceu aqui em casa, e da música que falava sobre os livros. Entre os sons de samba, a canção diz que entre tanta bagunça, escrever um livro talvez fosse a solução para arrumar tudo de uma vez, além de ser a oportunidade de nos tornarmos eternos.

Com isso, não tem como não lembrar de uma das três virtudes que todo ser humano tem que realizar: fazer um filho, plantar uma árvore ou escrever um livro. Um grande amigo até brincou uma vez, em uma destas longas conversas, que o certo seria ter um filho que plantasse árvores para escrever sua própria história em um livro. E agora?

Os desencontros acontecem até mesmo na busca pela perfeição e realização pessoal. Como você disse, seria ótimo caminhar sem se preocupar em encontrar. O escritor Norman Mailler comentava que o amor não é a solução para nossos problemas, mas sim a recompensa de quando conseguimos resolvê-los. Faz sentido.

Vou me apressar porque o próximo metrô está chegando.

Mande-me respostas, quando puder. Esperarei (e vê se não esquece de pegar o disco do Caetano).

Um beijo

quarta-feira, 21 de setembro de 2011


Você entra por uma porta, eu saio pela outra. Você olha pela janela da sala, eu olho pela janelinha do banheiro. Não seria muito desencontro?

Creio que pra haver encontro, precisamos de no mínimo um desencontro qualquer, tem gente no mundo que se desencontra por décadas. E nesse jogo da vida, nunca sabemos ao certo o que vale a pena ou não, em qual momento realmente devemos está espertos para o grande momento.

Neste caso, convém ligar um som e andar despreocupado pela rua, procurando NÃO achar, sabe? E isso da uma graça e surpresa na vida. É que nem quando chove num dia de sol, tu nem esperava por esse charme líquido do céu, tenho certeza que teu guarda-chuva se desencontrou bonito com a meteorologia.

E pra não desencontrar, onde você costuma guardar os seus encontros?

terça-feira, 20 de setembro de 2011



Quando li suas palavras, reparei que já não era sexta-feira, e me dei conta o quão atrasado com tudo eu estou. Mas a data na assinatura me fez voltar no tempo e pude enxergar cada momento que você descreveu.

Acho importante quando paramos para saborear cada pequeno detalhe do nosso dia. Pode até soar engraçado, mas hoje vi uma placa que dizia que a pressa é inimiga da vida. É bem verdade, porque quando somente corremos, não conseguimos de fato sentir tudo o que acontece ao nosso redor.

Não sei se existe acaso ou destino. Aliás, acho que nunca teremos a resposta, mas na dúvida eu prefiro acreditar no acaso porque não gosto de nada que seja imutável, fixo, programado, assim como um final de filme holywoodiano (apesar de eu gostar de vários, confesso).

Com isso, tenho pensado em quão louca a vida é. Digo, louca de verdade! Às vezes me pego planejando o futuro, criando diálogos, imaginando situações...e as coisas insistem em acontecer de maneira diferente. Não há escapatória: mesmo que eu pense no improvável, algo mais improvável acontece. Talvez seja por isso que prefiro acreditar no acaso. Entende?

Mas, claro, é tudo uma questão de ponto de vista, como você disse. Por isso as conversas com os grandes amigos são fantásticas: porque cada diálogo acrescenta uma nova idéia, e juntos, os cúmplices escrevem suas histórias e constroem novos universos a cada encontro.

Encontros e desencontros...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011


Eu poderia te escrever somente um bilhete para te contar sobre o meu dia, mas falar somente sobre o “meu dia” seria egoísmo demais, talvez fosse mais conveniente te escrever sobre pessoas que por ele passaram.

Nem toda sexta-feira é feliz como dizem por aí, afinal ninguém gosta da sexta-feira às 7h. Todos esperam ansiosos pelas 18h, ou até mesmo sorriem de canto quando no relógio bate 17h30, me diz há lógica nisso?

Fazendo uma analise geral sobre essa loucura das feiras, percebo que às vezes falta um almoço na praça deitado em qualquer banco de pernas pro ar, sem ligar pra quem vai ou volta da vida. Desliga-se ao olhar para as árvores debaixo pra cima ou até mesmo pelas folhas que quase caem nos olhos.

Outra coisa interessante é o inventar da vida, fora as desculpas esfarrapadas que inventamos a todo momento, tem um Q especial do outro lado da moeda, as pessoas que você encontra por acaso ou até mesmo as situações - você acha que o acaso existe ou isso tem haver com destino?
Sei que isso deveria ter cara de conto ou carta, até mesmo um ponto (cruz?), mas tudo depende do ângulo que você analisa!


Um beijo!